A denuncia é feita em forma de desabafo, nas redes sociais, a forma mais comum nos dias atuais.
Procuramos a Fonoaudióloga que atende no Pam, Dra Cristiane Ortiz para uma entrevista, a terapeuta esclareceu o andar da fila, o encaixe de novos pacientes e a relação do atraso com a pandemia.
Começamos nossa entrevista nos certificando que a Dra Cristiane é credenciada ao SUS...
"Sim, atendo pelo SUS desde 2008. O setor de fonoaudiologia fica dentro da Policlinica de Atendimento Medico – PAM. As vagas são disponíveis de acordo com o tempo de atendimento. Por exemplo, eu atendo em média de 8 a 10 pacientes por dia. Em media 38 atendimentos por semana, e toda semana são os mesmos pacientes, não tendo rotatividade".
Quanto aos critérios para seleção ou triagem?
"Os critérios a principio são ordem de chegada dos encaminhamentos, mas sempre tem uma urgência que precisa ser encaixada, por exemplo, uma AVC, uma pessoa que sofreu uma cirurgia. Não fazemos triagem, pois a demanda é muito elevada, e parto da premissa que todos que estão esperando necessitam, portanto seguimos os critérios de espera que é feito em todos os setores públicos e privados, que é ordem cronológica".
Tem alguma expectativa de ser mais rápido a liberação de uma vaga, existe relação com a pandemia?
"Chegamos num ponto crucial, essa pergunta é uma que eu sempre quis responder a população, para que todos que necessitem do serviço de fono possam compreender como acontece o tratamento. Primeiro, quando a pessoa procura o atendimento ela não tem previsão de alta, portanto não sabemos dizer quanto tempo esse paciente ocupará a vaga. Segundo, estou em Caarapó há dez anos, e tem pacientes que atendo há muitos anos, portanto a fila demora pra andar. Hoje a espera na fila para fonoaudióloga é de 6 meses a 1 ano, liberando vagas de pessoas que desistiram do tratamento, muito poucos receberam alta, pois hoje atendo muitos casos graves de doenças degenerativas e pacientes autistas, que permanecem na fono por muitos anos, e não podemos esquecer que neste tempo encaixamos as urgências.
Hoje a situação da pandemia, agravou a espera, porque não estamos chamando pacientes novos, e suspendemos os que estavam em tratamento, para não corrermos o risco de contaminações cruzadas, essas medidas foram tomadas em muitos lugares no setor publico de fono, pois para atendimento de fala, é necessário que o paciente visualize a boca do terapeuta, tendo que as vezes retirarmos a mascara, e também a muito contato próximo da região da boca, o que pode ser arriscado tanto para o paciente quanto para o terapeuta".
Como o SUS tem até o momento apenas uma fonoaudióloga para atender todo o município a demanda acaba sendo bem maior que a procura, o Portal da cidade esteve em contato com o prefeito André Nezi.
"Pedimos desculpas que atrasou os atendimentos de fono, bem como alguns outros, que não eram prioritários por conta da pandemia. Começaram a ser retomados em um ritmo mais lento, porque a prioridade ainda segue sendo os pacientes com suspeitas de Covid e síndromes gripais. Isso é um protocolo do Ministério da Saúde. Mesmo assim nós realizamos um concurso público e vamos chamar mais uma fono e mais um pediatra. Porém no momento somos impedidos por causa de um decreto presidencial que proíbe aumento de despesas com servidor, que não atuem no combate à Covid".